sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Clube da Luta: Analisando e Interpretrando

Cartaz
Título Original: Fight Club
Gênero: Drama
Duração: 140 min
Ano de lançamento: 1999
Direção: David Fincher
Roteiro: Jim Uhls (Roteiro); Chuck Palahniuk (Romance)
Produção: Ross Grayson Bell, Ceán Chaffin e Art Linson
Elenco: Edward Norton (O Narrador); Brad Pitt (Tyler Durden); Helena Bonham Carter (Marla Singer);  Jared Leto (Rosto de Anjo); Meat Loaf (Robert Paulson)
(Caso ainda não tenha assistido o filme, este post trará spoilers, então eu peço que assista-o para depois ler a análise).
Clube da Luta foi lançado em 1999 sendo um fracasso de bilheteria, porém anos mais tarde, com a popularização dos DVD's, ele ganhou notoriedade e tornou-se um clássico cult, aclamado e idolatrado por milhões de fãs. Bastante fiel ao livro, o filme é muito mais que um complemento ao leitores, mas sim uma obra única, porém, assim como o livro, é violento e perigoso. Pessoas que assistiram Clube da Luta com olhares superficiais, acusaram o filme de incentivo ao vandalismo ou até mesmo fascismo, e aqui no Brasil isso se agravou depois do incidente que ocorreu no Shopping Morumbi, onde um estudante de Medicina disparou sua submetralhadora na direção da plateia, durante uma exibição do filme. Mas essa obra sendo observada com cuidado e inteligência, tem muito à oferecer, com diálogos que fazem uma análise profunda e questionam a nossa natureza humana, mostrando problemas que afligem o homem moderno e também as mazelas do capitalismo, como por exemplo consumismo e a valorização exagerada de bens materiais. Esse é sem sombra de dúvidas o trabalho de David Fincher que mais causou impacto cultural, arrisco-me à dizer também que essa é sua melhor obra, mesmo tendo outros excelentes filmes no currículo.
O filme começa no final, assim como no livro, e o protagonista/narrador (Edward Norton) não tem nome, para assim nos identificarmos mais com o personagem. Ele está sentado em uma cadeira com o cano de uma arma encostado em sua boca por Tyler Durden (Brad Pitt, que por sinal, está em um dos seus melhores papéis). Então, depois que Tyler Durden sai para contar os minutos da explosão que destruirá vários prédios, o protagonista decide narrar a história desde o começo. Ele leva uma típica vida chata e entediante, conquistando um pouco de felicidade comprando bens materiais e se tornando um consumista, um escravo do capitalismo. Ao som de "This is your life" (Essa é sua vida), ele classifica os catálogos de compras como a pornografia moderna ("Quando éramos crianças, líamos revistas de pornografia. Hoje, lemos catálogos de compras"), onde pessoas encontram prazer em superficialidades, como comprar a última novidade tecnológica, mesmo que você não precise dela, refazer o guarda-roupa, mobiliar o apartamento e outras futilidades que fazemos e compramos simplesmente por status.
Enquanto ele narra sua vida trabalhando em uma agência, ocorre algo muito interessante, que espectadores desatentos podem ter perdido. Tyler Durden aparece rapidamente em um frame, e não é só nessa cena em que isso acontece, é como se David Fincher quisesse mostrar de frame em frame a formação de Tyler Durden na mente do narrador até a sua aparição no avião, já que Tyler Durden não existe, é apenas uma forma que o protagonista arranjou de fugir de seu dia-a-dia vazio, de sua conformidade em seguir as regras da sociedade. Vou listar curiosidade sobre Clube da Luta e trarei todos esses frames.
O protagonista começa então a sofrer de insônia por sua insatisfação com a vida, pois o consumismo, que dava um sentido à sua existência, já não surte mais efeito, o que o deixa sem razão para viver e acaba lhe causando depressão. Ele consulta o médico, alegando estar sofrendo, então o doutor lhe aconselha a ir em um grupo de apoio onde se encontram homens com câncer testicular. "Aquilo é sofrimento", diz o médico. Chegando no grupo de apoio, com o nome falso de Cornelius, o narrador encontra um homem apelidado de Bob (Meat Loaf), que é um gordo com seios grandes devido a altas doses de testosterona. Ele é um pai de família que contém o câncer, e por isso, acabou se tornando eunuco, o que fez com que sua mulher lhe deixasse, assim como seus filhos que nem retornam suas ligações. Comovido com a situação, "Cornelius" chora nos braços de Bob, e sente que tem importância, sente que as pessoas à sua volta se importam com ele, que ele é o centro do mundo, pois todos acham que ele também é portador de câncer testicular, um eunuco. Isso representa nossa necessidade de ser igual à todos, de sermos aceitos, mesmo que não sejamos iguais. Após o encontro com o grupo, o protagonista dorme melhor que um bebê, como ele mesmo diz. A partir daí, ele começa a ir em todos os tipos de grupos de apoio, o que promove boas noites de sono, mas tudo isso acaba quando ele conhece Marla Singer (Helena Bonham Carter).
"Tudo é uma cópia, de uma cópia..." Repare no bom trabalho da equipe de maquiagem.
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Marla Singer, assim como ele, vai aos grupos de apoio para se sentir importante e ser ouvida por todos, mesmo que ela não tenha nenhum tipo de doença. Rupert (outro nome falso do narrador) começa a sentir desconforto pois a mentira dela reflete a dele, e ele começa a ter insônia de novo. Antes de conhecer Marla, "Rupert", em uma sessão de terapia de um grupo de apoio, entra em sua "caverna interior" e encontra sua "força animal", que é um pinguim (o pinguim foi feita pela Blue Sky, mesma criadora das animações A Era do Gelo e Rio). Esse pinguim diz ao narrador a palavra "deslize". Existem várias hipóteses sobre o significado desse pinguim e por que ele disse "deslize", mas a mais aceita pela maioria é de que um pinguim vive em sociedade, em bando, são iguais e não se distinguem de seus companheiros, assim como Rupert em vista da sociedade contemporânea. O pinguim diz "deslize" como se fosse um apoio para o narrador "chutar o balde" e viver a vida de uma maneira diferente, de uma maneira livre.
Depois de imaginar sua força animal como um pinguim, o narrador, em outra terapia, visualiza como força animal a própia Marla, que também diz "deslize". Em um ensaio, um autor apresentou uma teoria onde diz que Marla Singer não é real, alegando que ela simplesmente é a contrapartida feminina de Tyler para o narrador, entre outras coisas que não creio ser provável e que estão no texto do link (infelizmente só tem em inglês, mas nada que um tradutor não resolva). Tomando uma iniciativa, "Jack" ("Nome vindo dos livros que o narrador encontra na casa de Tyler, "escritos" pelos órgãos e sentimentos de "Jack") fala com Marla e diz para ela parar de ir nos grupos de apoio, denominando ela como "turista". Obviamente ela não aceita, porém eles repartem os grupos, chegando em um acordo, e assim, estabelecendo o primeiro laço entre os dois.
Jack trabalha como controlador de recall de carros, ou seja, ele calcula se é mais rentável para sua empresa aumentar a segurança de uma linha de montagem que está causando acidentes e problemas, ou se é fazer uma devolução em dinheiro à empresa que comprou esses modelos para revender. Com um emprego desse gênero ele acaba viajando muito, pois ocorrem acidentes em vários estados e cidades diferentes, e em uma dessas viagens é que, após imaginar o avião caindo, ele conhece Tyler Durden, seu alter ego. Com diálogos interessantes sobre máscaras de oxigênio, bombas caseiras e é claro, sabão, esse foi seu primeiro contato com Tyler.
Após o encontro no avião, voltando para casa, ele vê seu apartamento destruído por uma explosão. Todos os seus bens materiais tão preciosos estão lá, no chão, em destroços, como se todo o seu esforço para consegui-los tivesse sido em vão. Ele liga para Marla, mas mesmo assim sua consciência lhe diz para ligar para Tyler, e é a partir do momento que ele liga para Tyler e começa a morar com este que tudo muda em sua vida.
Depois de conversarem em um bar, brigarem, vermos o que Tyler adiciona em filmes de família e em pratos especiais do Hotel Prussman, o começo do Clube da Luta e a situação lastimável em que vive Tyler, temos os diálogos que mais representam a crise de masculinidade do narrador. Ele foi um garoto criado sem a presença do pai, fazendo parte da "geração de homens criados por mulheres", e essa frase não é válida apenas para quem perde o pai por abandono ou morte, e sim também para a maior parte da população, que tem o pai ausente devido ao emprego que lhe consome todo o tempo que ele devia estar gastando com o filho. Também percebemos que o narrador se sente ainda como um garoto, procurando um ritual de passagem que lhe faça torna-lo em homem ("Meu pai disse que eu deveria me formar, depois disso, liguei à ele e perguntei: E agora?! Ele respondeu: Agora se case. Talvez a resposta do que precisamos seja uma mulher"). Ele sempre almeja um objetivo para tentar se tornar um homem, ele precisa de um ritual de passagem, e esse ritual é o o Clube da Luta.
"Você é a amizade descartável mais interessante que já vi."
"As coisas que você possui, acabam possuindo você"
"Quero que me bata o mais forte que puder"
Após algumas brigas em um estacionamento, o Clube foi ganhando forma e começou a ser realizado em um porão de um bar. Dê adeus ao consumismo, futilidades e a sua vida mesquinha e sem sentido. Bem-vindo ao Clube da Luta, onde você se torna um homem de verdade, aprende a aceitar a derrota e percebe que não é o centro do mundo, que vai morrer um dia e que, quando morrer, não vai fazer diferença nenhuma para a sociedade. O Clube funciona com 7 regras impostas pelo narrador, que são:
1- Você não fala sobre o Clube da Luta
2- Você não fala sobre o Clube da Luta
3- Quando alguém diz "pare" ou fica desacordado, mesmo que esteja fingindo, a luta acaba
4- Apenas duas pessoas por luta
5- Uma luta por vez
6- Sem camisa e sem sapatos
7- As lutas duram o quanto tiverem que durar
"Não era sobre ganhar ou perder. Não era sobre palavras". Depois de várias lutas, de vários dias, o narrador se sente vivo novamente e já não precisava mais de ir aos grupos de apoio, o que começou a fazer falta para Marla Singer. Ela liga para ele dizendo que tomou um vidro de Xanax (um tarja preta chamado de Frontal no Brasil) e que estava prestes a morrer. Ele deixa Marla falando sozinha e de repente Tyler pega o telefone, ouve que ela está prestes a morrer e vai socorrê-la. Eles transam e Marla, inocentemente, pensa que vai receber uma recepção agradável na manhã seguinte, porém o narrador já não está com a consciência de Tyler e acaba estranhando o fato de Marla estar em sua casa, o que o faz expulsa-la. Quando ela sai, Tyler Durden surge do nada e diz para Jack nunca falar com Marla sobre ele, e Jack aceita prometendo isso 3 vezes.
(TEXTO EM FASE DE DESENVOLVIMENTO)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

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